sábado, 7 de abril de 2012

Educação musical: Jogos Teatrais com Fernando Grecco

Jogos Teatrais.

Texto: Fernando Grecco.

Jogos teatrais é o termo utilizado para designar qualquer estrutura que possa ser utilizado no teatro (ou no trabalho de palco num sentido mais genérico), para a construção dramática (a partir de textos de teatro), de cenas, esboços ou improvisações,ou também na forma de jogos lúdicos.


O termo ficou profundamente ligado ao trabalho de jogos improvisatórios desenvolvidos pela diretora teatral norte-americana Viola Spolin, para fins de preparação de atores profissionais, mas também no desenvolvimento dos conceitos básicos do teatro para iniciantes, sendo bastante difundidos para fins didáticos nas escolas. No brasil, a principal discípula, difusora e estudiosa da linha de trabalho iniciada por Viola Spolin é professora da ECA-USP, Ingrid Koudela, responsável pela tradução da obra da norte-americana e por vários trabalhos de autoria própria sobre o assunto.


Uma idéia fundamental do trabalho com jogos teatrais desenvolvido por Spolin ao longo de décadas de pesquisas e experimentações é a de que todas as pessoas podem atuar,  todas podem improvisar e adquirir as competências e habilidades para desenvolver um trabalho no palco. Seu método propõe que o teatro seja feito por qualquer pessoa que pode aprender a atuar e ter uma experiência criativa pelo teatro, afirmando que teatro não tem nada a ver com talento. Os jogos teatrais são fortemente fundamentados nas técnicas de interpretação do teórico russo Constantin Stanislavski e do dramaturgo alemão Bertold Brechet.


O método de jogos teatrais desenvolvido por Viola Spolin têm a capacidade de romper as barreiras e dificuldades comumente apresentadas por não artistas (mas também por artistas) no trabalho no palco, ampliando o repertório de gestos, palavras e movimentos dos indivíduos. Elos também dinamizam as ações e despertam a criatividade das pessoas para as improvisações. O grande trunfo do método é que ele se baseia em jogos e brincadeiras, o que remete os "jogadores" a situação de quando eram crianças, e, em princípio, menos auto-críticos e mais predispostas à brincar.


Dentre as várias obras escritas por Viola Spolin sobre o assunto, merece destaque o seu "fichário de jogos teatrais" um guia de jogos através do qual se pode elucidar e desenvolver, passo a passo, as estruturas da linguagem teatral em pessoas de qualquer idade, de crianças adultos. O fichário lança mão de jogos tradicionais (amarelinha, cabo de guerra, entre outros), mas também propõe jogos voltados especificamente para o palco. Cada jogo desempenha, em maior ou menor grau, várias, funções, mas existem aqueles cujo ênfase é na integração do grupo de "jogadores" (atores), outros na percepção e observação no mundo, outros na expressão, e outros na imaginação. Por fim, há um conjunto de jogos, que denominados de "jogos dramáticos", os quais visam desenvolver no participante as noções básicas do teatro: 1) o "onde" (lugar ou cenário no qual se dá a ação gramática), 2) o "quem" (as personagens propriamente ditas), e, 3) o "o que" (a ação que se desenvolve entre as personagens).


Os três elementos essenciais sobre os quais se assenta todo e cada jogo são: o "foco", a "instrução" e a "avaliação". 1) O foco é o elemento para o qual toda a atenção dos jogadores deve se voltar no intuito de cumprir o objetivo proposto pelo jogo. No jogo de futebol, por exemplo, o objetivo é marcar o gol, mas o foco é a bola. É para ela que os jogadores e os espectadores endereçam sua total atenção. Ao voltar-se para o foco,os jogadores abandonam em grande parte sua auto-crítica, ganhando grande espontaneidade na solução dos conflitos propostos pelo jogo. 2) A instrução é dada pelo orientador do jogo e é através dela que os jogadores vão manter total atenção no foco do jogo. É importante que a instrução seja dada enquanto se realiza o jogo, para que os jogadores aprendam o treinar todos os sentidos. Eles realizam as tarefas enquanto ouvem a instrução. 3) A avaliação não visa classificar as experiências desenvolvidas pelos jogadores em boas ou ruins, em certas ou erradas. Deve-se despi-la ao máximo de conceitos de certo e errado, de preconceitos, autoritarismos e interpretações. É importante lembrar que nos jogos teatrais não há vencedores ou perdedores. O que há são pessoas ou times que, mantendo o foco, solucionamos problemas propostos.


Sugestões de Bibliografia

1) Spolin, Viola - Improvisação para o tetro- Editora Perspectiva - 1978.
2) Spolin, Viola - O jogo teatral no livrodo diretor - Editora Perspectiva - 2000.
3) Spolin, Viola - Jogos Teatrais: o fichário de Viola Spolin - Ed. Perspectica - 2000.
4) Spolin, Viola - O jogo teatral na sala de aula - Editora Perspectiva - 2007.
5) koudela, Ingrid - Texto e jogo - Editora Perspectiva - 1999.
6) Koudela, Ingrid - Jogos teatrais - Editora Perspectiva - 2006.
7) Koudela, Ingrid - Brecht: um jogo de aprendizagem - Editora Perspectiva - 2007.


Vídeos realizados na turma de Pós-Graduação em Educação Musical na Faculdade Cantareira.









Um comentário:

  1. Achei muito bom... Parabéns ao professor e aos participantes pelo envolvimento. Me inspirou a multiplicar!

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